20 março 2009

Pablo Vertigo, o único que me compreende, Arouca




O meu gato Pablo é um grande maluco e gosto muito dele.

É amarelinho (conseguimos evitar a situação de chama-lo "Amarelinho", hábito muito comum adoptado pelos vizinhos de usar a cor para baptizarem os gatos

- Psst pssst bichinho, gatinho preto, onde estás? ouço muitas vezes a vizinhança).

Tem a curiosa mania de se deitar de costas quando quer descansar (ma-lu-co, nem gosto de me sentar assim, acabo sempre por me deitar de lado no sofá a ver o canal Odisseia, a ver documentários sobre ursos - é sempre sobre ursos já repararam?). Com as patitas dobrada para o ar, a olhar para nós como se isso fosse tout à fait normal.

Gosto muito de brincar com ele, é o meu companheiro mais fiel neste momento de profunda crise, embora tenha quase a certeza que nunca terá saudades minhas de um dia eu partir por esta estrada...). Numa das fotos que, estou-lhe a apertar o pescoço, mas é na brincadeira. Trata-se na realidade de uma alusão à dimensão filosófica do ser, à constante dualidade entre o "eu" e a projecção do nosso ego, e na aceitação ou não desse mesmo ego. Eu cá acho que Pablo não ligou muito à projecção do meu ego, pois fois logo correr atrás de uma mosca (haviam de ver como ele assume uma posição felina de caça, tão lindo).

Gosto muito de tê-lo ao colo, ao pé da lareira, mas a irmã anda sempre a chagar-me o juízo, dizendo-me que depois fica demasiado mimado e torna-se inútil, não caçando gatos.

Eu cá não concordo: pela forma como caça as folhas mortas de são levadas pelo vento ou, como ontem, brinca com os ramos que se arrastam pelo relvado durante a poda (amadora) que fiz na ameixeira, vê-se que é um gande maluco e tem reflexos de primeira. E tem garras afiadas, que já senti na pele quando tenta subir-me ao colo (trepa-me o estúpido, em vez de saltar) ou quando tento tirá-lo do colo para pô-lo na rua (aí agarra-se como um doido, não gosta de passar a noite fora, mas tem de ser diz a minha mãe gato que é gato dorme na rua e caça ratinhos - paranóia que esta gente tem com ratinhos, sobretudo depois de um documentário da National Geographic sobre gatos no canal 2 e que terá sido da sua persiguição na Idade Média por associação à bruxaria que terá surgido a Peste Negra, veiculada, lá está, por ratos). Aliás, sempre que a minha mãe o quer por na rua, deita-se de costas, como um protesto pacífico à Gandhi (ganda maluco).

O apelido dele é Vertigo, porque trata-se de uma gato com vertigem (já o fui buscar no telhado da minha casa e geralmente não desce sozinho das árvores, a não ser que tenha na boca o coelinho de peluche dele que é demasiado pesado e como não o larga acaba por cair com ele hehe. Sou sempre eu que ponho o coelhinho na árvore).

Isto de estar desempregado é fantástico, tenho tempo para escrever sobre o meu gato. Talvez arranje um tempinho e traduzo isto para catalão e envio a mais gente, histoire de ne pas me faire oublier.

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